Estudo associa Dióxido de Carbono elevado com redução na capacidade de raciocínio

Estudo da Universidade de Harvard avaliou o impacto do dióxido de carbono nas funções cognitivas de trabalhadores.

 

Desde o início dos estudos sobre qualidade do ar de interiores, o dióxido de carbono sempre foi um dos indicadores de maior interesse. Existem 3 motivos principais para isso:

1. Os potenciais danos que o aumento de sua concentração e a redução do oxigênio disponível causam à saúde das pessoas.

2.  A premissa que, se o sistema de HVAC não está a removendo o dióxido de carbono, então, pode também haver acúmulo de outros poluentes, tais como: compostos orgânicos presentes em ceras, mobiliário, produtos usados em limpeza, solventes, materiais de revestimento, tintas e vernizes, colas, etc.; poluentes emitidos na combustão de gás para cozinhar ou para aquecimento; e poluentes emitidos por equipamentos utilizados no interior dos ambientes.

3. A falta da renovação de ar em ambientes climatizados também facilita a disseminação de vírus, bactérias e outros microorganismos do trato respiratório, uma vez que, com  alta densidade de pessoas, o mesmo ar é respirado várias vezes.

As novas descobertas de Harvard

Recentemente, outros efeitos do CO2 foram descobertos. Um estudo efetuado pelo grupo de pesquisa em saúde ambiental da Universidade de Harvard [1] avaliou o impacto do dióxido de carbono nas funções cognitivas de um grupo de 24 trabalhadores durante seis dias  de trabalho, e encontrou resultados impressionantes. Eles descobriram que, quando as pessoas eram movidas de um ambiente com baixa concentração de CO2 para um ambiente com concentração de 950ppm (partes por milhão) de CO2 — uma concentração nada incomum em ambientes de trabalho — era observado um declínio de 15% nas faculdades cognitivas dos ocupantes. E quando a concentração subia para 1400ppm, o declínio observado no desempenho era de 50%!

Três domínios de funcionamento cognitivo, em particular, mostraram as mudanças mais fortes:

– resposta a crise

– estratégia

– uso da informação.

Esses domínios de função cognitiva estão mais intimamente ligados à produtividade do trabalhador, relata Joseph Allen, condutor da pesquisa. [2]

Tipicamente, a concentração de dióxido de carbono na área externa fica em torno de 400ppm, mas as pessoas experimentam, rotineiramente, níveis  entre 800 e 1200ppm nos ambientes de trabalho — e não é raro encontrar ambientes com o dióxido de carbono em 1500ppm ou até 3000ppm, segundo Allen.

O objetivo do estudo era simular as condições de qualidade ambiental em interiores de edifícios “Verdes” e “Convencionais”, avaliando o seu impacto numa medida objetiva de performance humana — função cognitiva de ordem superior. E a conclusão? Bom, as descobertas têm uma ampla gama de implicações, porque a pesquisa foi designada para refletir condições que são comumente encontradas, diariamente, em muitos ambientes internos.

 

[1] Allen J, MacNaughton P, Satish U, Santanam S, Vallarino J, Spengler S. 2016. Associations of Cognitive Function Scores with Carbon Dioxide, Ventilation, and Volatile Organic Compound Exposures in Office Workers: A Controlled Exposure Study of Green and Conventional Office Environments. Environmental Health Perspectives, 124(6):805-812.

[2] Public Radio International: https://www.pri.org/stories/2015-11-11/what-better-thinking-and-productivity-improve-air-quality-your-office